ANÁLISE COMPARATIVA DOS CUSTOS DE TRANSPORTES DE CARGAS: MODAL FERROVIÁRIO VERSUS MODAL RODOVIÁRIO NO BRASIL.
I-INTRODUÇÃO:
A partir de 1956, durante o governo de Juscelino Kubitschek, os investimentos em infraestrutura rodoviária passaram a ser intensificados no Brasil.
O objetivo era promover a integração territorial e fomentar o crescimento econômico, alinhando-se à política de industrialização e à estratégia de atração da indústria automobilística.
II –CONTEXTO HISTÓRICO DA PRIORIDADE RODOVIÁRIA NO BRASIL:
2 .A decisão de priorizar o modal rodoviário em detrimento do ferroviário foi parte de uma política de desenvolvimento adotada nos anos 1950, com o objetivo de atrair montadoras de veículos e criar um mercado interno robusto para a indústria automobilística nascente. Como consequência, o sistema ferroviário brasileiro foi gradativamente desmobilizado, impactando negativamente sua capacidade de transporte de cargas nas décadas seguintes.
A proposta governamental previa a interligação do país por meio de rodovias, visando facilitar o escoamento da produção e promover a integração nacional. Além disso, a construção de estradas gerava empregos e era percebida como uma alavanca para a modernização econômica.
III- CUSTOS E CONSEQUÊNCIAS DA ESCOLHA RODOVIARISTA
3.Consequências da Prioridade ao Modal Rodoviário
A opção pelo transporte rodoviário tornou-se predominante no Brasil, resultando em um sistema logístico altamente dependente de caminhões, com elevada emissão de poluentes, alto custo operacional e infraestrutura deficiente. Enquanto isso, o modal ferroviário perdeu protagonismo, mesmo apresentando vantagens significativas, como maior capacidade de carga, menor custo por tonelada transportada e maior eficiência energética.
- Comparativo de Custos entre Transporte Ferroviário e Rodoviário
Estudos apontam que o custo médio por tonelada-quilômetro (TKU) do transporte ferroviário é significativamente menor que o do rodoviário. Segundo a ANTT (2022), o transporte ferroviário custa, em média, R$ 0,05/TKU, enquanto o rodoviário chega a R$ 0,18/TKU, variando conforme o tipo de carga e distância percorrida.
Além disso, o transporte ferroviário oferece vantagens em termos de:
- Sustentabilidade ambiental: menor emissão de CO₂ por tonelada transportada;
- Eficiência energética: locomotivas consomem menos combustível por tonelada transportada;
- Segurança: menor índice de acidentes;
- Durabilidade da infraestrutura: menor desgaste em comparação ao sistema rodoviário.
- Implantação de passagem de fauna;
- O sistema, tecnicamente conhecido como Trip Optimizer, é mais um recurso à disposição do maquinista, como ocorre com o piloto automático de um avião. A tecnologia garante menor impacto ambiental, pois reduz o consumo de combustível em até 2,45%, proporciona uma economia de R$ 35 milhões por ano na compra de diesel para a ferrovia e redução de 22,7 mil toneladas de CO2 por ano.
- O Novo Marco Legal das Ferrovias( Lei 14.273/2021)
A nova legislação visa modernizar o setor ferroviário, flexibilizar os modelos de outorga e atrair investimentos privados. Entre as principais inovações estão:
- A permissão para exploração por meio de autorizações, além das concessões;
- Segurança jurídica para investimentos;
- Incentivos fiscais e menos burocracia para novas linhas.
Desde sua criação, o Marco Legal já atraiu R$ 240 bilhões em investimentos, incluindo projetos como a Nova Transnordestina, Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e Ferrogrão. O objetivo é aumentar a participação do modal ferroviário, que atualmente representa apenas 15% do transporte de cargas no Brasil.
- Principais Projetos Ferroviários em Execução
- Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol): em construção, com trechos entre Ilhéus, Caetité e Barreiras;
- Ferrogrão: depende de decisão do STF para continuidade;
- Nova Transnordestina: com 63% das obras concluídas, previsão de entrega em 2026;
- Projeto Maricá-Rio Bonito: 35 km, ligando o porto ao interior fluminense com investimento de R$ 310 milhões.
- Conclusão
A análise comparativa entre os modais rodoviário e ferroviário de transporte de cargas no Brasil revela um desequilíbrio histórico de investimentos que favoreceu o transporte rodoviário, em detrimento de uma opção mais eficiente e sustentável. No entanto, com o Novo Marco Legal das Ferrovias e os recentes aportes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vislumbra-se um cenário promissor para a retomada do transporte ferroviário como eixo estruturante da logística nacional. A continuidade dos investimentos e o estímulo à intermodalidade são fundamentais para reverter as distorções e promover uma matriz de transporte mais racional e competitiva.
FONTES DE REFERÊNCIAS:
Revista Ferroviária, escrita por Bruno Teles
Gazeta do Povo
O Especialista
Prefeitura de Maricá-RJ
Revista O Carreteiro
DNIT
CNT
REVISTA FERROVIÁRIA
NEWTON BANDEIRA DE MELLO GOLEK
CORECON- RJ 13-085
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