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Domingo, 03 de Novembro de 2024
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Somos incapazes de aprender com nossos erros. As advertências dramáticas da natureza de nada valem

Vista de ponto de alagamento na Praça Garibaldi, na Cidade Baixa, em Porto Alegre (RS)

Alice da silva
Por Alice da silva
Somos incapazes de aprender com nossos erros. As advertências dramáticas da natureza de nada valem
Gilmar Alves | Estadão Conteúdo
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chuva Rio Grande do Sul

Vista de ponto de alagamento na Praça Garibaldi, na Cidade Baixa, em Porto Alegre (RS)

A consciência ecológica cresceu nos anos 70, exatamente quando estava começando a carreira de repórter. E vivia confuso entre o discurso dos que alertavam para a preservação da natureza e os líderes políticos e das forças produtivas acusando-os de loucos, “ecochatos”, que só queriam impedir o progresso, o aumento da arrecadação e a geração de empregos. Naquela época eu já suspeitava – e hoje tenho certeza – de que são os loucos que mudam o mundo.

Os três mais conhecidos, pelo menos os que mais entrevistava, eram o dentista Hugo Werneck, o biólogo Célio Vale e o professor Apolo Heringer Lisboa. Dr. Hugo era polido, falava suavemente; Célio, tímido, quase sussurrava; Apolo sempre foi e continua sendo mais enfático. Criou o Projeto Manuelzão, um dos maiores projetos de extensão da UFMG e continua sonhando.

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Agora, por exemplo, está avisando onde estarão as inundações do futuro: “Primeiro cobrimos o córrego das Piteiras, agora estamos enchendo de concreto as encostas da Raja Gabaglia de um lado e do Jardim América do outro, então, para onde irão as águas da chuva forte?”.

Além do trio, mais “experiente”, vejo esforço contínuo nos últimos anos da Maria Tereza Corujo, a “Teca”. E sinto que tragédias como a de Mariana, a de Brumadinho e agora a de Porto Alegre não seriam tão devastadoras se, pelo menos, respeitassem essas pessoas.

 
 

Aliás, lá, no Rio Grande do Sul, após fortes enchentes em 1974, José Lutzemberg, outro  advertiu que a retirada da proteção do solo e a ocupação desordenada das margens de rios trariam consequências ainda piores:

“Se as atitudes dessa pobre gente atestam a miséria de sua existência, a repetição das calamidades provocadas pelas enchentes confirma o que há tempo já se podia prever. Se hoje os estragos são imensos e os mortos se contam às centenas, não tardará o dia em que os flagelados e os mortos totalizarão milhões. Somos incapazes de aprender com nossos erros. As advertências dramáticas da natureza de nada valem. Insistimos no consumo de nosso futuro”.

Hugo e Lutzenberger já estão no andar de cima. Ouçamos Apolo e Célio.

FONTE/CRÉDITOS: Eduardo Costa
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